“Já sei que preciso deitar e tentar dormir para ajudar essa temperatura alterada do meu corpo a baixar. Não briga comigo, não diz que sou displicente ou irresponsável e nem me faz essa cara feia, por favor. Me deixa aqui mais um pouco te olhando, te adivinhando, te sondando. Me deixa pensando em como você é longe de mim ou o quanto gosta desses nossos momentos. Não me obriga a ficar na cama enquanto você ainda está no sofá em frente a uma televisão que nem vê lendo livros que eu nunca ouvi falar, milagrosamente. Deixa apenas que eu fique tentando entender como a vida nos juntou, se a gente já havia largado tanto dela. E entender também como você pode me olhar com uma intensidade que me arranca a roupa, a pele e os órgãos todinhos sem nem me tocar. Essa febre deve ser por pensar demais, você bem que me alerta da loucura constante que se passa na minha cabeça, mesmo sabendo que tem culpa no cartório. Mas gosta, sei que gosta porque sorri ao fim da frase, assim como sorriu agora sozinho com o seu livro esquecendo de mim. São bonitas essas horas em que você me esquece para se encontrar em um livro, um filme ou um jogo. São bonitas porque eu sei que cada sorriso seu é um motivo a mais para eu te guardar aqui. E quando tudo acaba, os livros e programas televisão afora, é o meu sorriso que os seus olhos buscam.Vou dormir. Logo sei que você me buscará. Como sempre, a gente se encontra. "