sábado, 26 de maio de 2012

"Eu conheço o silêncio. Sei identificar quando é medo, angústia, expectativa, paz, tormenta, conflito ou harmonia. Conheço praticamente todos os seus significados e ares. Por aqui o silêncio sempre foi muitas coisas e sentimentos, momentos e faltas; ele sempre quis me dizer algo a mais. E sempre disse, é verdade. Acabamos nos tornando amigos, grandes amigos: entendemos-nos. Alguns estranham, não sabem como lido com ele, como o suporto e até converso. Pode ser loucura minha, mas há palavras que somente ele me diz e dores ou felicidades que somente ele traduz. Não é exatamente poético, mas é real, uma companhia para todas as horas. Particularmente, sou mais de calar do que falar. Entenda que eu me fiz assim: vendo muito, falando pouco e levando tudo para as palavras. Foi a minha saída para uma vida inteira. Sou tão breve quanto as minhas falas e palavras… Pode me errar, não me escutar e se enraivecer com o meu silêncio: aqui as palavras são sagradas. Não peço mais perdão por falar tão pouco. Peço, por favor: aceite que me calo para amenizar a vida ou celebrar, chorar, absorver. Eu me calo para sobreviver. Como esta noite, o silêncio é uma neblina que nada se vê, mas tudo se teme."

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